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Sobre uma nova paixão


Quando pinta uma nova paixão é sempre assim: o coração fica grande porque parece que do nada cabe mais amor do que seria possível caber, ou talvez o coração fica é pequeno, porque parece que enche tanto que não cabe mais nada. É, não sei. Mas todo o resto perde a graça e só quer ser a nova  paixão e acabou, e que ninguém interrompa quando você estiver sonhando, traçando com um lápis todos os planos e futuros juntos, claro. Você e a nova paixão.

Nova paixão também pode ser conhecida como “paixão no comecinho”, sempre bom, a melhor fase: tudo é novidade e vontade, não se cobra nada além do impossível, nunca é chato exigir atenção o tempo todo e toda exclusividade do mundo.

Uma vez eu disse que não queria me apaixonar nunca mais, pura bobagem: paixão não tem nada a ver com querer. Querendo ou não hoje me apaixonei e admito que cada dia que passa fico mais volúvel  para não dizer infiel, mas ao contrário da maioria, em minhas infidelidades, ninguém nunca sai magoado e cada vez que me encontro com as paixões, novas e antigas, é sempre um novo comecinho, e é super moderno porque ninguém é de ninguém e pode-se querer tudo, e tudo pode terminar ali mesmo.

Por exemplo, hoje. Voltando para casa depois de rir muito com a Nena e o Rodrigo, me apaixonei pelo fim de noite e flertei com o nascer do sol não sei se vai durar, provavelmente não, mas foi de tirar o fôlego.

Não, eu não me acho estranho apesar do que dizem. Afinal, que mal há em não se apaixonar pelas pessoas, quando se vive um empolgante romance com a vida?

Atenciosamente, Thaee.

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