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um vazio rodeado de dores

senti muita coisa e faltaram palavras. fiquei algum tempo lendo textos do caio fernando abreu, ele sempre diz por mim o que preciso. achei que encontraria algum trecho que pudesse copiar e colar aqui, e o meu recado seria dado à mim mesmo. mas não. talvez haja sim um trecho, um texto. dele ou de outra pessoa. mas não é assim que se 'enfia o dedo na garganta'.


a vida tem sido generosa comigo. como se toda aquela história de 'um dia por cima, outro por baixo', 'tudo tem sua hora', 'a vida é uma roda-gigante' fizesse sentido. como se todas essas coisas que nos dizem por falta do que dizer (por medo de encarar o que é feio, por esperança colorida à mão de verde claro, por falta de interesse no sofrimento de outrem) fossem verdades..

ainda me incomoda a sensação (quase uma certeza, na verdade) de que não se pode ter tudo. o que quer que seja menor que isso é tão pouco... e não é permitido ir além. como naquela história maluca de duas pessoas nuas num paraíso, com quase tudo que há de se querer e uma proibição idiota. um fruto, um significado, uma serpente que induz ao querer, ao desejo. e então comete-se um pecado. o pecado da saciedade: um miolo de euforia imensa rodeado de pétalas robustas de dor.


existe o céu, a terra, os animais, as pessoas, e existe tudo aquilo que não podemos ter. minha urgência nunca pôde ser limitada. não tem nem um nome, por que teria fim? 
prefiro dois pássaros voando à um na mão. prefiro me sufocar com minha pressa, me afogar na minha tempestade, ter medo do meu reflexo e das minha sombras. mas que não me seja imposto um limite, um fim, uma escolha entre o que quero e o que também quero.

eu perco o controle fácil demais, me deixo levar pelas querências que me tomam e atropelo o que de bom me acontece. o meu miolo acaba antes das pétalas, que vão caindo uma a uma.

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